terça-feira, 19 de julho de 2011

O bondinho de Ubajara

Julho, mês de férias, ótima época para conhecer o Parque Nacional de Ubajara e sua jóia mais preciosa: a Gruta de Ubajara. Criado em 1959, por sugestão feita pelo então diretor do Serviço Florestal do Ministério da Agricultura, David Azambuja, ao Presidente Juscelino Kubitschek, em área de 563 ha, foi, por muito tempo o menor parque nacional do Brasil. Mais recentemente, teve sua área aumentada para 6 mil e poucos ha, mas ao que me consta ainda sem demarcação. A gruta sempre atraiu visitantes, que enfrentavam as penosas caminhadas das trilhas existentes, sendo recompensados pela maravilhosa beleza do lugar.
Nos anos 70 do século passado, o então governador César Cals olhou para a região e suas potencialidades e pela primeira vez a Ibiapaba foi contemplada com ações integradas do Governo do Estado, que construiu estrada, trouxe para cá uma porção de agências governamentais, tentou modernizar a cultura do café, introduzindo o café do sol, com tecnologia emprestada de São Paulo e Minas Gerais, trouxe uma usina de alcool e  implantou o Complexo Turístico no Parque Nacional, com a instalação de um teleférico e iluminação de parte da Gruta para visitação pública, guiada. 
A usina funcionou um tempo. Com o fim do Proalcool mudou de dono, deixou de pagar os agricultores que forneciam cana e hoje tem uma atividade vagalume. A cadeia produtiva da cana de açúcar, desarticulada.
O café do sol, após umas primeiras safras altamente produtivas, paga o preço do manejo antiecológico. Deixou como herança o desmatamento e a falsa noção de que os insumos modernos (adubação química, venenos) são a salvação da lavoura.
Ao contrário do que apregoa a quadrilha do Aldo Rabelo, a unidade de conservação do meio ambiente é o único empreendimento que restou em condições de gerar emprego e renda. Curioso, não? Este fato merece uma reflexão, no mínimo.
Deixando as considerações de lado vamos ao que interessa. A gente pode chegar a Gruta de duas maneiras: pelo bondinho, numa viagem rápida e confortável, solto no espaço, com uma vista maravihosa das belezas do Parque; ou pela trilha, numa caminhada de umas duas horas, usufruindo, com mais vagar, todas as maravilhas que a Natureza coloca a nossa disposição. Se o seu preparo físico permitir, acho a opção mais recomendável, deixando o bondinho para a volta, a subida, numa merecida recompensa. Na entrada do Parque você encontrará guias, que lhe darão todas as informações necessárias.É importante lembrar que estamos em uma unidade de conservação, portanto, observância estrita a todas as recomendações do guia: não levar nada, a não ser fotografias, boas lembranças e o lixo - garrafas dágua, sacos de papel e plásticos, que tenhamos trazido com guloseimas. Não deixe as marcas de sua passagem.
Curta bastante e aproveite tudo que a Natureza coloca a sua disposição neste passeio. Sinta o cheiro gostoso do mato, observe o porte das árvores, a grande quantidade de diferentes cipós, a variedade de cores das folhas e flores da floreta. Ouça o barulhinho bom da água correndo e caindo serra abaixo, acompanhe o movimento dos macaquinhos e mocós, sem esquecer de escutar o canto dos pássaros. Surpreenda-se com as formações da gruta. Difícil imaginar tanta cor e beleza naquela escuridão, terra adentro.
Ao final da visita a gente consegue entender porque uns poucos despendem tanto esforço em defesa do meio ambiente. Nele vivemos e dele depende nossa sobrevivência. Não somos assim tão superiores.
Talvez, mais presunçosos.
 

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