quinta-feira, 30 de junho de 2011

Em defesa dos corruptos


A imprensa noticia uma série de operações policiais, cumprindo mandatos de prisão de prefeitos, secretários municipais, empreiteiros, empresários, enfim, gente envolvida em desvio de dinheiro público para contas particulares. Notícia alvissareira, afinal, a Polícia e o Ministério Público cumprem seu dever de apurar irregularidades no cumprimento das leis, mostrando que mesmo as autoridades devem a ela se submeter. Independente dos resultados dos processos, serve de alerta para os que estejam com alguma intenção escusa, obrigando-os a desistir de seus intentos ou a redobrar os cuidados com a manipulação das verbas públicas.No entanto, olhando a realidade da administração pública da maioria dos municípios do interior do nosso Brasil, os corruptos se configuram como uma categoria de empreendedores, que, embora empregando meios condenáveis, acabam contribuindo para o progresso. O dinheiro desviado acaba sendo empregado em seus empreendimentos particulares (que não são as empresas fantasmas que participam das concorrências fraudulentas), seja no setor imobiliário, de transporte, de comércio ou construção civil, e acabam gerando empregos, até com carteira assinada e direitos trabalhistas, e renda para o município, quase sempre outro, diferente de onde foi prefeito. Não sendo flagrados, tem até a possibilidade de receber o prêmio de contribuinte do ano, pelo volume de pagamento de impostos de suas empresas particulares e até mesmo entrar nas listas de melhor lugar para trabalhar.Para atingir este status de respeitáveis empresários, correm riscos: além dos inerentes ao sistema capitalista, tem a Polícia, o Ministério Público, a Imprensa e, as vezes, até a oposição de olho. Com a ameaça de ter de devolver aos cofres públicos uma parte do dinheiro desviado (o que nem sempre representa um prejuizo, para eles).Porém (e isso dói), além desta rapinagem explicita, que pode ser combatida com as armas da lei, existe outra forma de dilapidação do dinheiro do contribuinte: administrações amadoras e incompetentes. E aí, o Ministério Público não pode atuar, a Polícia não tem como agir e a imprensa não vê escândalo suficiente para uma manchete. A cidade fica estagnada, a população na mesmice e as melhores cabeças vão atrás de oportunidade em um lugar que lhe valorize os talentos. Os valores que imperam são o clientelismo, o fisiologismo, a troca de favores pelos votos da próxima eleição, para continuar este círculo vicioso. Meus sinceros elogios a atuação do Ministério Público e da Polícia. Meus votos para que a imprensa não viva só de manchetes, mas que paute também estes desperdício do cotidiano.E, principalmente, que nós contribuintes, ao exercermos o papel de eleitor, nos lembremos que é o nosso dinheiro que os políticos gastam.
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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Fotografe primeiro, faça o foco depois


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Transporte público

Merecemos um transporte assim!
Já notaram que toda regulamentação em torno do transporte público, aqui em nossa abençoada terra , se dá em prejuízo do usuário?
Será por que ele ainda não juntou um dinheirinho pra comprar seu próprio carrinho, com as facilidades de juros 0,x%,  fazendo parte da nova classe emergente e insiste em lotar os ônibus e topics, que fazem a fortuna de seus privilegiados donos?
Cada vez que se anuncia uma medida, podemos ter certeza que vem junto uma diminuição da competição entre as empresas, com a consequente diminuição da qualidade de serviço prestado.
Imagino, se não seria possível, estabelecer regras claras de prestação de serviço e segurança aos usuários, liberando a entrada para qualquer empreendedor que se disponha a entrar no negócio?
Aqui, na terrinha, ficamos só com uma empresa para o transporte até Fortaleza e uma outra de topics para o tranporte regional.
No real, perdemos a opção de preços mais baratos, que aconteciam quando havia alguma competição: de Ubajara a Tianguá, a gente tinha a Linhares a R$ 1,00 e as topics a R$ 2,00. Hoje ficamos de topic a R$ 2,50, viajando superlotadas, com passageiros em pé, em segurança precária.
Fiscalização?!? Prá que? Houve um processo de concorrência. Findo isto o usuário que se lixe.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

23 de junho de 1911 - 23 de junho de 2011

Esta data marca os cem anos de nascimento de uma pessoa extraordinária.
Que deixou a todos que tiveram o privilégio de conviver com ele um legado de alegria, bom humor, compreensão, ternura, decência e a convicção de que cada um de nós pode alcançar os nossos objetivos, graças ao próprio esforço.
Seu grande prazer era agradar os outros, o que fazia com muita dedicação e mimo. Não podia saber que alguém precisava ou tinha desejo de alguma coisa, que movia céus e terra para tornar isto realidade.
Nadava como poucos e adorava saltar da ponte para os rios cheios no inverno, com mortais acrobáticos, provocando suave censura da esposa, que achava aquilo exibicionismo dispensável.
Exímio pé-de-valsa, não perdia arrasta-pé de Campo Maior a Castelo, no Piauí, em seus tempos de solterice, montado em poderosa bicicleta para estes deslocamentos.
Funcionário público do Ministério da Fazenda, andou pelas coletorias de Piracuruca, Senador Pompeu, Cascavel, proporcionando aos filhos, ricas vivências. Encerrou sua carreira em Fortaleza, quando se aposentou como Auditor Fiscal do Tesouro Nacional. Sua entrada no serviço público se deu através de concurso, livrando-o de pedir favores ou prestar vassalagem a quem quer que fosse, o que lhe rendeu admiração firme a Getúlio Vargas, que introduziu este instrumento, até a sua morte.
É muito difícil descrever em palavras uma pessoa que era puro sentimento.
Para mim uma data especial.
Obrigado, papai, por tudo que você deixou conosco.

domingo, 19 de junho de 2011

Desenvolvimento sustentável

O conceito de desenvolvimento vigente em nosso País, desde 1500, considera apenas o crescimento econômico, aprofundando as desigualdades, excluindo e marginalizando os atores locais, considerados um magote de ignorantes, atrasados, destinados ao atropelamento pelas hiluxs da modernidade. Desprezam-se cultura, crenças, valores, saberes tradicionais, tratados como um entulho que atravanca o progresso, entendido como a substituição de sistemas tradicionais por um dito moderno. Troca-se também os atores locais, vistos como atrasados, por atores externos, que se acredita modernos. Na prática, atores externos poderosos e apoiados no Estado e atores locais desprezados pelo Estado - muitas vantagens para os primeiros e altas desvantagens para últimos.
Resultado: a economia cresce, a desigualdade aumenta, o retorno e reflexos sociais e econômicos para a região tornam-se discutíveis.
Fosse outra a visão dominante, certamente seria outra a situação de nossa agroindústria artesanal da cana de açúcar, com reflexos positivos em nossa cidade e região, particularmente na condição de seus moradores.
A partir dos anos 90, constatada a ineficácia do modelo desenvolvimentista vigente, começa-se a pensar o desenvolvimento a partir da ampliação da participação dos atores e instituições locais.
Com a ascenção do Presidente Lula ao poder surgem políticas públicas focadas nesta visão de desenvolvimento local sustentável, que encontram dificuldades em sua implementação, devido a falta de empenho dos poderes públicos locais, para quem o modelo anterior era mais vantajoso e a perda da confiança dos atores locais, escaldados pelas práticas anteriores.
O Plano Brasil sem Miséria, que busca aprofundar o alcance destas políticas, enfrentará dificuldades semelhantes. Muito apoio a ações assistencialistas, que favorecem a permanência de práticas clientelistas e falta de empenho na mobilização e organização das forças locais que conduzem a uma verdadeira mudança de padrão de vida.




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Alfabetização


Embora proclamem a todo momento os progressos obtidos na alfabetização, os "gonverno" federal, estadual e municipal insistem em placas e faixas com erros de ortografia e concordância.
O que nos leva a crer num longo caminho a ser percorrido ainda.
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sexta-feira, 17 de junho de 2011

Rasgando dinheiro


(Este post foi publicado em junho de 2011 e posteriormente retirado. Infelizmente a situação só se agravou de lá pra cá. Republico-o, então.)
Rasgar dinheiro é considerado por muitos como sintoma definitivo de insanidade. Aplica-se ao rasgar, propriamente dito, como também a ingerir dinheiro ou mesmo rebolar no mato. E, acredito, tanto faz se é dinheiro próprio ou de terceiros. É sintoma muito forte.

No caso de dinheiro público, acredito não haver ainda uma jurisprudência firmada. O que talvez explique a pouca cerimônia com que os responsáveis pela sua administração o desperdiçam. É o que vemos, diariamente, à luz do dia, nesta obra realizada às margens da rodovia CE 187, no caminho do bairro São Sebastião. Um aterro de proporções monumentais, com grande movimentação de terra, intenso movimento de caçambas, máquinas, apontadores, fiscais, curiosos, prenunciando uma grande obra. Que o bom senso diz, claramente, estar sendo feita no lugar errado. Com certeza, haveria nesta cidade um lugar onde ela ficaria bem mais barata.
Ali mesmo, no local da obra, foi construído, no início do primeiro mandato da atual administração, um equipamento adequado ao local: uma pista de cross, bastante usada em seu início. Uma obra barata e interessante, que com calendário adequado e gestão profissional eficiente, ainda hoje poderia estar servindo a população de Ubajara, inclusive no aspecto de educação quanto ao uso seguro de motos.
O dinheiro movimentado pelo poder público, seja ele municipal, estadual ou federal, não cai do céu. É retirado de cada um dos moradores através dos impostos. De cada três quilos de feijão que cada um de nós compra, um vai para pagar a máquina do governo e custear serviços e obras em benefício da população. É um bocado de dinheiro, conseguido através de muito suor e jornadas de trabalho, que em alguns casos, vão de domingo a domingo, com uma folga no domingo a tarde. Por isso mesmo mereceria um maior respeito pelo poder público.
As caçambas, máquinas, pessoal, terra, enfim os recursos disponibilizados aqui poderiam ser aplicados em outras obras - ali mesmo em frente tem uma estrada necessitando de reparos.
A imprensa nos leva a acreditar que a grande responsável pelo desperdício do dinheiro público é a corrupção. Na realidade, a corrupção é praga antiga, ainda não debelada, que causa grande estrago nos recursos públicos. Mas com certeza o descaso pela aplicação criteriosa dos recursos públicas causa prejuízo maior. No caso de corrupção ainda existem os que se beneficiam e usufruem destes recursos.
No caso do desperdício o prejuizo é total.
Uma pergunta simples que gostaria de fazer a todos os envolvidos ali nesta obra: "se fosse com seus próprios recursos, você faria uma obra deste tipo?"
Seria interessante observar as respostas.